quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

zero um

[Zero um bar. Recife-PE. Set 2007. Foto: Gaia]
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moinho de versos
movido a vento
em noites de boemia
vai vir o dia
quando tudo que eu diga
seja poesia
[Leminski]
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um brinde à poesia e um brinde à boemia porque hoje é lua cheia!
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domingo, 17 de fevereiro de 2008

maré

[maré cheia! Porto de Galinhas-PE. Fev 2008. Foto: Gaia]
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“Você nota que apesar do seu mal estar é notável o seu viço. E, novamente, você conjectura: sabe-se lá se ela vai conseguir desta vez. Isso nem ela sabe. Só o que sabe é que esta é a única chance de criar, para os afetos daquele encontro, um plano de consistência que lhe permita expandir e irrigar sua existência –não só amorosa. Sabe também que, mesmo que consiga criar esse plano, isso não significa que finalmente terá encontrado sossego. Seu corpo sempre estará fazendo novos encontros, novos afetos estarão sempre surgindo e, mais cedo ou mais tarde, o plano, feito dos afetos do encontro atual, não funcionará mais como campo magnético, gerador de força para a vida. E quando isso acontecer, o plano simplesmente, terá perdido razão de ser. Ele terá gorado e ela de novo estará sendo arrastada para outro lugar. Desensimesmada, dessubjetivada, desterritorializada. À procura, mais uma vez, de matéria de expressão por meio da qual existir.”
[ROLNIK, Suely. Cartografia sentimental: transformações contemporâneas do desejo. –Porto Alegre: Sulinas; Editora da UFRGS, 2007]
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Porque já é quase março... Hora de refazer os planos. Amarrar alguns fios, tecer novas estradas, acalmar o coração e contruir novos territórios. Feliz, sempre feliz!

domingo, 10 de fevereiro de 2008

quarta-feira de cinzas...

[carnaval. Fev 2008. Recife. Foto: Gaia]
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"Pra tudo se acabar na quarta-feira..."

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Porque não vai acabar na quarta-feira não! Não vai acabar nunca mais... Ficará pra sempre comigo. Amo!


Sobre viagens, Ulisses e Penélopes...

[moça partindo ou chegando... Aeroporto de Recife. Fev 2008. Foto: Gaia]
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"Na verdade, em suas viagens, Ulissses nunca se desterritorializa: é sempre e somente na secreta terra firme que feita do incessante lamento de Penélope que ele caminha... Penélope e Ulisses somos todos -em diferentes matizes, a cada momento....
...Na verdade, o que não suportamos é a estridência desses sons inarticulados. É o 'nada mais daquilo tudo'. O que não suportamos é que somos um pouco Penélopes, um pouco Ulisses, um pouco máqunias celibatárias, um pouco replicantes... e um pouco nada mais daquilo tudo.
E no entanto, nos momentos em que, desavisados, conseguimos suportá-lo, descobrimos com certo alívio que, do convívio desencontrado dessas figuras, destila-se já uma nova suavidade."
["Uma nova suavidade?" Félix Guattari - Suely Rolnik. Micropolítica - Cartografias do Desejo]

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Volto mais uma vez... partindo e re-partindo pedaços de mim por aí... Penso na vida, espero o vôo e deparo-me com Penélope e Ulisses no aeroporto. Tinha esquecido suas histórias. Na verdade nem sei se um dia soube delas... Mas Penélope vivia a tecer a espera de Ulisses que vivia a viajar. Ela tem medo de partir, ele tem medo de ficar, mas ainda assim, isso é o que os mantém. A certeza da volta dele, a certeza da espera dela... Alguns vôos decolam, outros aterrissam, e de repente eu já não sei mais... "Penélope e Ulisses somos todos nós". Penso o que ela quis dizer com isso e não consigo mais reponder se Penélope ou Ulisses... Mais pra Ulisses com ataques de Penélope talvez... Ou uma Penélope querendo ser Ulisses... talvez seja só uma fraqueza que passa. Talvez seja a incerteza da nova suaviade... aparentemente tão distante ainda que desejada... Hora do embarque. Decolar mais uma vez. Levantar voô. Talvez encontre na imensidão do céu um lugar, um intermezzo onde possam ter um final feliz todos os Ulisses e Penélopes...

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"foi a saudade que me trouxe pelo braço..."